Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Senhores tenhamos bom senso

OS RESPONSÁVEIS pelo segundo sector mais importante de Macau, o Turismo, parece que, finalmente, deram ouvidos às gentes da terra! Passados estes anos a dirigir quem nos visita, chegaram à conclusão que o sector tem de passar a apostar na qualidade e não na quantidade.
Apetece-me dizer «Eureka!». Não sei há quantos anos a Imprensa (portuguesa, chinesa e inglesa) vem dizendo que Macau precisa de turistas de qualidade que tragam valor acrescentado, não apenas dinheiro.
Turistas de pé descalço, por muito dinheiro que tenham, mas que cospem para o chão e «mijam» (desculpem o calão, mas tinha mesmo de ser forte) na esquina do edifício dos Correios, não interessam a ninguém, muito menos a Macau, que se quer como destino turístico de nível mundial.
A classe dirigente da RAEM, apesar de genérica e reconhecidamente irem fazendo um bom trabalho, pecam, porém, pelo menos neste aspecto. Estão completamente alheados da realidade, vivendo numa redoma que não lhes permite ver o que se passa cá em baixo. Se, como nós, simples «ralé», andassem na rua a pé, em vez de nos «carros pretos», facilmente chegariam à conclusão que Macau precisa de turistas com qualidade. Para disso se aperceber, basta passar no Largo do Senado à hora de almoço e ver o reboliço que ali vai, com pessoas a cuspir para o chão, a tirar «macacos» do nariz e a gritar e empurrar tudo quanto mexe, sentados no chão ou de cócoras no meio da multidão.
Será este o postal que se quer para o território? Com toda a franqueza, quero acreditar que Macau e as suas gentes merecem melhor e, certamente, com a capacidade profissional de quem aqui reside e trabalha, saberemos fazer melhor do que aquilo que foi feito até agora.
A qualidade do turismo local e daqueles que nos visitam depende do que formos capazes de lhes oferecer e do que for promovido lá fora. A par disso, depende também dos turistas que deixarmos entrar em Macau. A qualidade de que falam os responsáveis do turismo da RAEM julgo estar relacionada com as capacidades socioculturais de quem nos visita e não na sua capacidade financeira. É que, se for dependente desta última característica, temo que não sairemos da cepa torta, pois, como é do conhecimento de todos, ter dinheiro na carteira nem sempre corresponde a ser educado e bem formado. Antes pelo contrário, não é raro ver quem é abastado tornar-se arrogante, mal-educado e pouco respeitador das tradições e bons-costumes locais. O facto de terem poder de compra leva a que pensem ser donos do mundo, quer se trate de ricos chineses, de ocidentais ou de pessoas de qualquer outra proveniência.
Quando os dirigentes do Turismo de Macau afirmam que o futuro do sector no território tem de passar pela qualidade da oferta a quem nos visita, lembro-me de políticas pouco ortodoxas seguidas por alguns países, na tentativa de «escolherem» quem os visita. Na Ásia temos o exemplo do Reino do Butão que, além de quotas anuais por nacionalidade, obriga todo aquele que deseja visitar o País a comprometer-se em gastar um determinado montante de dinheiro, condições exigidas aquando do pedido do visto de entrada. Assim, segundo os dirigentes desses países, conseguem manter de fora grande número de turistas com poucos recursos e controlar o número de pessoas que os visitam, e assegurar que um fluxo constante de verbas entre anualmente no País, tornando assim sustentável um turismo de qualidade e em pequenas quantidades. O número de pessoas que os visitam é diminuto, mas o que gastam «per capita» é elevado.
Será uma boa estratégia para Macau apostar em turistas ricos, nomeadamente grandes apostadores, assegurando que gastem milhões cada vez que entram na RAEM?
Pessoalmente, não penso que seja essa a solução adequada. Os turistas de que Macau precisa nesta fase não são do género daqueles que frequentam as salas de «baccarat». Esses que deixam a carteira nas mesas do casino já estão mais do que conquistados!
Agora precisamos é de cativar quem se interesse por cultura e outras vertentes do entretenimento e mesmo pelo sector dos grandes eventos e convenções. Aí, sim, julgo estar o futuro de Macau e das suas gentes.

domingo, 11 de julho de 2010

CEM suja e não limpa

POR vezes queixamo-nos da falta de limpeza e, quase sempre, as culpas acabam nos ombros de quem menos se pode defender, sejam eles os turistas que vão e vêem, ou os não-residentes que afluem aos milhares para trabalhar em Macau. Será verdade, mas importa notar que quem aqui vive também tem a sua quota-parte na sujidade. Falo por experiência própria, pois no prédio onde resido travo uma batalha constante, muitas vezes muda, contra quem insiste em deixar lixo nos corredores e atirar resíduos pelas janelas. No meu andar resolvi o problema com um aviso para não deixarem lixo no chão. Até ao momento tem funcionado e quem ali vive (são quatro apartamentos no mesmo piso) parece estar a colaborar com a mensagem. Já nos pisos acima, como nos da parte de baixo, a falta de educação cívica continua a reinar! Desde sacos de «snacks» a beatas de cigarros, de tudo um pouco se vai encontrando pelos corredores.
Cabe a todos os Meios de Comunicação Social e aos chineses em particular, visto a grande maioria dos residentes falar apenas chinês, educar as pessoas e fazer passar a mensagem de que deitar lixo no chão, atirar resíduos pelas janelas ou cuspir para o chão, é falta de educação pura e simples. É feio, porco e mau! As mensagens infantis do Governo não chegam e nada resolvem. Para que as pessoas tomem atenção e levem o recado a sério deve-se adoptar uma postura rígida e mesmo agressiva.
Sei de locais onde os residentes chegaram ao ponto de ter de afixar mensagens do tipo: «Se gosta de viver como um porco, faça-o dentro de casa. Os vizinhos não são obrigados a viver como você!» Ou «Não seja um porco, não deixe lixo no chão!». E, mesmo assim, de pouco tem valido, porque a maioria dos residentes (muitos deles acabados de vir do Continente) estão-se nas tintas para os bons costumes aqui da terra e continuam a comportar-se como se estivessem do outro lado da fronteira, à beira de um campo de arroz.
A verdade é que é difícil obrigar os outros a serem higiénicos. Nem todos vivemos em prédios com associações de condóminos, nem com empresas que fazem a limpeza diária dos locais comuns. Se mesmo nesses locais organizados é difícil obrigar as pessoas, imagine-se nos prédios onde não existem associações de condóminos. É uma tarefa quase impossível; aliás, cada vez que se chama alguém à atenção ainda somos insultados.
Não se vislumbra uma solução que seja fácil e, seja ela qual for, terá de passar certamente, antes de mais, por campanhas de educação e por um sistema de coimas eficiente e em que todos participem. Actualmente, se apresentamos queixa de alguém ter feito lixo, somos tratados como se fôssemos nós os criminosos, razão pela qual poucos são os que se dão ao trabalho de apresentar queixa às autoridades.
Nas ruas temos uma empresa concessionária que deveria ser responsável pela manutenção da limpeza, mas isso nem sempre acontece. A CSR (Companhia de Sistemas de Resíduos) recolhe o lixo e limpa as ruas, mas não parece muito competente naquilo que faz, porque os resultados são pouco visíveis. É evidente que, se não houver colaboração de todos, a empresa sozinha pouco pode fazer por muitos meios que tenha.

Um exemplo elucidativo

Recentemente, na rua onde vivo, na Calçada do Monte, um dos prédios teve um problema eléctrico, tendo sido chamada a CEM (Companhia de Electricidade de Macau) de madrugada para resolver o problema. Por volta das sete da manhã, quando fui à rua, vi três viaturas da CEM e vários elementos da empresa a tentar resolver o problema. Fizeram o que tinham a fazer, restabeleceram o abastecimento eléctrico ao edifício e abandonaram o local depois do serviço terminado. Ao fazê-lo, porém, nem sequer se preocuparam em limpar a sujidade que fizeram na entrada do edifício e no passeio público.
Na noite desse mesmo dia, voltando a passar por ali, verifiquei que o lixo ainda lá se encontrava: desde fita-isoladora, a braçadeiras plásticas e restos de cabos eléctricos. Um pouco de tudo se encontrava no local, sem que os funcionários da CEM se tenham preocupado sequer em chamar a CSR para que procedesse à limpeza adequada da zona. Por sorte, nesse dia choveu copiosamente, o que ajudou a «limpar» aquele espaço, afastando os resíduos ali abandonados. O restante, que não foi levado pelas águas da chuva, foi limpo pela proprietária do restaurante ali próximo, por estar mesmo ao lado do local onde se amontoava o lixo.
Não seria obrigação da CEM, neste caso concreto, limpar toda a zona e deixar o local em perfeitas condições de limpeza?

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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