Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Não vamos promover Macau, dizem!

NO passado mês de Novembro foram enviadas, pela última vez, dez cartas com toda a informação relativa à viagem que eu e a minha família vamos levar a efeito no princípio de 2014 e que tem como objectivo principal assinalar a chegada dos portugueses à Ásia, mais concretamente à China e a Macau, em 1513. Faz precisamente este ano cinco séculos, apesar de quase ter passado despercebido em Macau. Apenas tiveram lugar esporádicas iniciativas, pouco ou nada apadrinhadas pelo nosso Executivo.

As cartas com a dita informação, para que conste e para que seja do conhecimento público, foram enviadas para o Chefe do Executivo (aliás, foram remetidas várias durante este ano, sem uma única resposta); para o Gabinete do Porta-voz do Governo; para a Direcção dos Serviços de Turismo de Macau (para esta entidade foram enviadas duas também no decorrer de 2013, tendo a resposta sido negativa das duas vezes. A primeira, ainda pelo antigo director; a segunda, já assinada pela nova directora); para o Presidente da Assembleia Legislativa (para tomada de conhecimento apenas, visto a AL nada fazer neste campo); para a Chefe de Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura (anteriormente tinha sido enviada uma directamente para o Secretário, mas não houve qualquer resposta, apesar de uma reunião infrutífera com uma das suas assessoras); para a Fundação Macau (para aqui seguiram duas missivas em 2012 e 2013, tendo o pedido de apoio sido recusado, por falta de fundamento ligado a Macau. Recentemente acusaram a recepção da última carta, respondendo negativamente. Basearam-se na análise que fizeram em 2012. Isto é, nem sequer se deram ao trabalho de ler a nova proposta que é diferente da inicial. Mas o que se espera de uma fundação que até o CCAC desconfia dos critérios de atribuição de apoios); e para o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (anteriormente tinha sido abordado verbalmente com o Secretariado Permanente, tendo a resposta sido negativa porque – segundo explicaram – não apoiam iniciativas de cariz cultural. Fica então por esclarecer o que é a Semana Cultural que pagam todos os anos, juntamente com os milhões que vão para a Lusofonia e desaparecem sem se ver resultados). Foi também enviada uma carta para o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, por ser um evento apadrinhado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e o IACM ser quem representa Macau no organismo lusófono. Pediram-nos que preenchêssemos o requerimento normal para a atribuição de apoios. Ainda esperamos por uma resposta.
Claro que Macau e as suas instituições estão no direito de recusar apoios a qualquer iniciativa. Seja de promoção das relações entre os Países de Língua Portuguesa, ou de outra índole. No entanto, estranha-se que com tanto palavreado sobre a defesa do Português e sobre a importância dos PLP, não se queira apoiar simbolicamente uma iniciativa que tem como objectivo assinalar esta vivência de 500 anos. As dificuldades têm sido mais do que muitas. Umas vezes porque não somos chineses (disse o City of Dreams), ou porque não nascemos em Macau (disse a TDM chinesa), ou porque não somos uma associação (disse o Galaxy Group), ou por qualquer outra razão.
Não quero acreditar que seja por motivos pessoais, apesar de todos os envolvidos me conhecerem pessoalmente, devido às funções que desempenhei durante vários anos e que me obrigaram a lidar com eles de perto. Também não quero acreditar que seja por não ser chinês, isso seria «baixeza de mais», como dizem os nossos irmãos brasileiros.
Do Turismo disseram-me que não conseguiam perceber como é que a viagem iria promover Macau e o seu nome(!?). Sinceramente, não é possível fazer ver quem não quer ver!
Será difícil compreender como é que Macau pode ser promovido por um casal, que se assume como sendo de Macau, que vai dar a volta ao mundo? O primeiro exemplo é que menciona o nome desta terra sempre que é entrevistado, sempre que participa em programas de rádio e sempre que escreve nos jornais sobre a viagem. Além disso, tínhamos previsto partir de Macau, com a bandeira de Macau, mas tal não é possível porque o Governo sempre se negou a nos apoiar. Um apoio que nem sequer era financeiro, até porque havia uma empresa de Macau (ligada ao jogo) interessada em financiar toda a aventura, caso o evento tivesse a chancela do Governo. Infelizmente, isso não aconteceu.
Mas, claro, como sempre dissemos, e porque somos mesmo muito casmurros, a aventura continua! Não vai ser por falta de apoio que iremos deixar de homenagear os nossos antepassados, que chegaram a estas costas há 500 anos. O seu legado é maior do que qualquer empecilho que a RAEM e as suas elites nos queiram colocar à frente.
A terminar, deixo um rol de perguntas sentidas, vindas do nosso coração:
– Se consideram que não será possível promover Macau, como explicam a utilidade que terá publicarmos artigos mensais numa das maiores revistas da Tailândia? – Que visibilidade irá potenciar a publicação mensal de artigos em Inglês na maior revista de vela da Ásia, baseada em Hong Kong? – Que fará pelo nome de Macau, além-fronteiras, as publicações semanais n’O CLARIM, o jornal mais antigo de língua portuguesa de Macau e o mais lido na diáspora? – Que resultado terá a participação semanal num programa de rádio da Antena 1, transmitido para todo o mundo, entre o meio-dia e as três da tarde de Macau? – E de que servirá o documentário que irá ser feito para a RTP?
É pena que nenhum de nós seja chinês, nem «lambe botas» do poder… Mas, por outro lado, ficamos livres para dizer a verdade e tudo aquilo que nos apetecer, sem ter que pintar o quadro com cores mais agradáveis!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A tal cidade internacional

ATÉ hoje apenas tinha ouvido rumores, mas agora posso afirmar que afinal é verdade. Os turistas em Macau são tratados pela Polícia como criminosos e, em detrimento do que diz a Lei – que todos somos inocentes até prova em contrário, – é-lhes apontado o dedo, acusando-os de serem os culpados daquilo que lhes acontece em Macau.

A história é fácil de contar. Na semana passada recebi um grupo de amigos, proveniente da Tailândia, via Hong Kong. Vierem passar a quinta-feira a Macau, tendo ido do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior directamente para minha casa, sem qualquer incidente, onde deixarem a bagagem. Vieram directamente do aeroporto de Hong Kong, sendo que só no final do dia regressariam – para ficar – na região vizinha. A insistência foi minha para que viessem visitar Macau, dado que, inicialmente, nem queriam vir. Daí sentir-me bastante abalado com o incidente que viria a ocorrer. Indirectamente a culpa foi minha, porque se não tivesse insistido, nada teria acontecido!
O grupo chegou a Macau, almoçou comida portuguesa num conhecido restaurante, localizado perto do Largo do Senado – encantado da vida, – visitou a Fortaleza do Monte, as Ruínas de São Paulo, a Sé Catedral e o Templo de Á-Má. Acabou o passeio no Venetian, porque dois, por razões profissionais, queriam ver o maior casino do mundo.
No final do dia, passaram por minha casa, para recolher a bagagem; apanharam dois táxis junto da Rua do Campo e dirigiram-se ao Terminal Marítimo. Ali chegados, depararam com a perda de uma das malas no táxi que chegou em último, que trazia a bagageira mal fechada...
Argumentando com o taxista, que nem uma palavra de Inglês sabia articular, nada se resolveu, sendo pedida a intervenção da Polícia no «jet-foil». Eu, que fiquei em casa, fui avisado por telefone do que se estava a passar. Tendo conhecimento da Linha Aberta para o Turismo – embora fossem perto das nove horas da noite, – liguei para pedir informações e para ver se tinham algum funcionário no posto do Terminal Marítimo. Depois de mais de vinte minutos ao telefone, chegou-se à conclusão que nada podiam fazer, nem apoio podia ser dado ao grupo de turistas, que se viu involuntariamente metido num problema. Depois de tentar argumentar, desisti porque nada conseguia resolver com a funcionária ao telefone. Diga-se que a conversa foi sempre cordial, se bem que infrutífera.
Voltando aos meus amigos: fiquei a saber que o taxista em questão, com um dos passageiros, fez de novo o percurso para ver se conseguiam encontrar a mala perdida. Claro que nada encontraram, passado mais de uma hora do sucedido!
Já na esquadra, enquanto se esperava que o taxista voltasse da sua viagem infrutífera, os agentes continuavam a fazer perguntas, num Inglês paupérrimo que mal dava para entender, mas sempre insinuando que a perda da mala não era da responsabilidade do taxista.
Mantendo-me sempre ao lado, não interferindo na conversa, visto não ser um dos envolvidos, fui ouvindo o que se ia passando. Com a chegada do taxista – já os meus amigos estavam desesperados para deixarem Macau, pois no grupo de oito pessoas estavam três de idade avançada, que se encontravam extremamente cansadas do dia passado no território – a Polícia continuou a insistir na teoria de que a perda da mala era da responsabilidade dos meus amigos.
Segundo o agente, o taxista nenhuma responsabilidade tinha sobre o que transportava no táxi. Ao que lhe perguntei, já não aguentando mais, por que razão o taxista não tinha responsabilidade, se cobra uma taxa pelo transporte de bagagem na mala do carro? O polícia respondeu (rispidamente) que se trata de uma taxa pelo serviço de transporte e que nada tem a ver com a responsabilidade pela perda ou danificação das bagagens. Indignado, ainda perguntei onde tal está regulamentado, tendo ficado sem resposta. Voltando-se novamente para os meus amigos, o agente perguntou se saberiam dizer o valor da mala perdida e se esta tinha algo no interior.
Felizmente os haveres eram apenas roupas. Não havia dinheiro, nem artigos de valor no interior, pelo que os meus amigos avançaram com o valor de dois mil dólares de Hong Kong, pela mala Samsonite e pelos haveres, já completamente esgotados e a sentirem-se criminosos, quando na verdade eram eles as vítimas. O taxista, esse, mantinha-se caladinho, até porque tinha a Polícia a interceder por ele. A única vez que esboçou uma reacção aconteceu quando o agente lhe disse que os meus amigos – aconselhado pelo próprio polícia – baixavam a compensação de duas mil para quinhentas patacas. Aí o taxista fez-se ouvir, afirmando que só podia pagar trezentas, porque não tinha mais.
Valores à parte, o que aqui está em causa é a atitude do polícia, que assumidamente tomou o partido do taxista, quando deveria ter-se mantido neutro e tentado resolver a questão de outra forma. Deplorável foi também a atitude do taxista que, sendo um elo importante nesta peça teatral, que é o turismo em Macau – o taxista é um dos primeiros actores que o turista vê quando chega e um dos últimos quando parte de viagem, – deveria desempenhar a função com todo o zelo. Infelizmente, todos sabemos que os taxistas, na sua maioria, são pouco profissionais, arrogantes e donos de pouca educação, tratando quem nos visita, e quem aqui vive, como animais, sem desprezo para com a bicharada.
O talão de participação (fotografia que acompanha o texto) refere que a mala se extraviou, e o táxi ou taxista não são identificados, quando o mesmo taxista esteve na esquadra e acabou por indemnizar os turistas em trezentas patacas. Além disso, está redigido em Chinês, sendo que nenhum dos queixosos fala esta língua, tendo sido coagidos a assinar sem qualquer explicação.
Curiosamente, este grupo, que veio em visita particular, incluiu dois jornalistas – um da televisão e outro de uma revista de viagens da Tailândia. Bonita promoção deverá ter Macau por parte destes meus amigos...
Foi um dia triste para o território e para o turismo desta cidade, que se diz internacional.
A nível pessoal aprendi a lição: nunca mas convido ninguém para vir a Macau!

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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