Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Enfermeiros em apuros?


 
A MEMÓRIA de Macau é curta, mas só para algumas coisas.

Lembram-se daquela senhora que para ganhar votos e ter visibilidade na campanha eleitoral se lembrou de atacar directamente os profissionais da Saúde de origem portuguesa, dizendo que a sua contratação colocava em perigo a vida dos pacientes chineses?
Pois agora essa senhora é deputada! Ou que raio isso quererá significar em Macau, visto que foi eleita por uma lista da qual nada se espera, a não ser dizer que «sim» a tudo o que o Governo e Pequim ordenarem. A nova deputada na primeira oportunidade, e quando confrontada pela sua famosa afirmação de pré-campanha, que certamente lhe rendeu mais umas centenas de votos e que a ajudou na eleição para o poleiro no Hemiciclo, apressou-se a desmentir tudo o que havia dito. Como boa artista política que é, ou deve ser porque a experiência ainda é quase nula, deu o dito por não dito. Começa bem! Afinal não é isso que os políticos fazem? Na campanha prometem uma coisa e quando chegam ao almejado lugar logo se esquecem. A verdade é que as afirmações ficaram gravadas e ninguém as pode apagar, por muito que a sua autora se desdobre em explicações.
Wong Kit Cheng diz-se mal interpretada e explicou – aqui cito o Jornal Tribuna de Macau para não ser também eu mal interpretado – «concordo com a medida da contratação. Mas tem de haver um bom mecanismo de importação e de saída, e depois podemos decidir se é preciso contratar profissionais estrangeiros ou não». Uma ideia muito aquém das declarações de Julho à Imprensa chinesa, durante a época de pré-campanha: «A contratação de enfermeiros em Portugal é uma medida inadequada devido a barreiras culturais. (…) Servir os doentes é a principal função dos enfermeiros e a comunicação é muito importante e, para assegurar a qualidade desta comunicação, os enfermeiros necessitam de conhecimentos em Chinês, tanto orais como escritos (…); a maioria dos residentes só fala Chinês, pelo que há uma barreira linguística durante o serviço[dos enfermeiros portugueses] que é intransponível (…); a enfermagem passa por não só cuidar da saúde dos doentes mas também por dar apoio psicológico e verbal aos mesmos, duvido que os enfermeiros portugueses consigam oferecer bons serviços em Macau. (…) A contratação de enfermeiros portugueses poderá colocar em risco a vida dos cidadãos». Depois de ser eleita para o assente quentinho do Plenário dos Lagos Nam Van mudou o discurso.
Já aquando das afirmações eleitoralistas de Wong Kit Cheng manifestei preocupação, não sendo o único a protestar e a fazer entender que a «madame» deveria ser chamada à razão sobre o assunto dos enfermeiros. Aliás, a associação dos enfermeiros portugueses, assim como os próprios Serviços de Saúde, veio a público repudiar o que a então «normal» cidadã havia aludido. A minha consternação não era tanto pelo teor, que roçava o xenófobo, mas pelo facto de virem de uma pessoa que ocupa uma posição de destaque na comunidade local. Não nos esqueçamos que Wong Kit Cheng, antes de ser deputada, é vice-presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau (www.macauwomen.org.mo), a associação mais poderosa em termos sociais e das mais influentes na vida social e política do território, visto dela fazerem parte todas as esposas e outros membros femininos das famílias dos detentores dos mais altos cargos políticos da RAEM. Assim como a maior parte dos membros femininos dos maiores grupos empresariais alinhados com Pequim, que controlam a economia de Macau. Tina Ho, a sua presidente, antiga deputada e uma das empresárias mais influentes, é um bom exemplo, assim como a vice-presidente do Conselho Executivo, a actual directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, que tanto apregoa a favor dos laços portugueses, mas depois deixa cair projectos ligados a essa mesma Lusofonia, como o caso do restaurante da Casa de Portugal – só para citar um, porque existem outros.
É chegado o momento da comunidade lusa ficar em alerta, porque os sinais começam as ser cada mais. Esperemos que as afirmações da senhora deputada sejam isso mesmo: apenas afirmações.

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