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sexta-feira, 23 de março de 2012

Polícia «à rasca»

 

O CLIMA que se tem sentido nas últimas semanas parece ter causado alguns danos no estado psíquico dos residentes de Macau e, muito em particular, das nossas autoridades. Um prolongado capacete – como se chama por aqui a este período de humidade e neblina que cobre o território como um manto espesso e pesado durante esta altura do ano – tem levado os mais afortunados a antecipar férias e a «fugir» para latitudes mais favoráveis para descansar ao sol, onde podem recuperar emocional e fisicamente.

Quem por aqui fica vê-se «obrigado» a viver num ambiente pesado, pouco animado e que deixa qualquer um de nós cansado, mesmo antes de sair de casa.

Este é um sentimento que atinge a todos, parecendo não ter solução à vista. Até os animais parecem molengões e pouco dados a actividades que lhes consumiriam mais energia do que aquela que precisam para fazer as tarefas indispensáveis à sua sobrevivência. Se fossem pessoas, chamavam-lhes preguiçosos; visto tratar-se de animais, será mais correcto dizer que agem como a sua natureza lhes indica…

Julgo, porém, que é mesmo preguiçoso; e muito mais me apetece chamar ao agente da polícia que não tomou as devidas providências, quando presenciou um crime junto dos edifícios da Nova Taipa. Quando balões de água foram atirados de um dos prédios e destruíram propriedade na via pública, de acordo com o que veio a lume na Comunicação Social, o elemento das forças de segurança nada fez, mesmo perante a insistência dos populares, desculpando-se que não tinha mandato para o efeito! Afinal, para que serve andar fardado, se nem sequer pode tocar à campainha para pedir informações?

Digamos que, nos últimos tempos, a polícia do território parece andar na mira da população. Antes deste caso, um outro, relativo ao facto de um agente da autoridade não saber da ilegalidade da cobrança das famosas taxas de pagamentos com cartões de crédito, foi também alvo de críticas.

É inacreditável que exista tanta falta de inteligência nos jovens agentes do corpo da polícia de Macau! Mais parece burrice! Mas esse termo não pode aqui ser usado. Um polícia, que deve ser preparado e saber, antes de mais, a legislação do Governo que jurou servir, não pode andar na rua, se não estiver apto a responder às solicitações dos cidadãos.

Cada vez assume mais forma o que se houve à boca pequena: que hoje em dia vai para a polícia quem não consegue arranjar outro emprego no Governo ou nos casinos! Isto é, se não é bom para mais nada, há sempre esta solução, visto haver falta de efectivos. É pena, porque a corporação é constituída, na sua maioria, por excelentes indivíduos e tinha, até há poucos anos, uma imagem que transpirava competência e saber. Nos últimos anos, com a entrada de fornadas de mancebos, a qualidade é o que se vê nas ruas.

Felizmente, a polícia de Macau, mesmo assim, nas suas chefias e cargos mais elevados, é composta por pessoas cultas e bem formadas. Porém, o facto de haver alguns elementos que não estão minimamente preparados para usar a farda faz com que toda a corporação fique denegrida. As últimas aulas parecem ter sido bastante produtivas, a julgar pela juventude fardada e sem qualquer preparação para serem agentes.

A juntar ao facto dos agentes não conhecerem a Lei, mais concretamente no caso dos cartões de crédito, tenho ainda que realçar outro aspecto negativo. A tentativa – de acordo com o que foi relatado na Imprensa – de encobrir a falta de preparação do agente, quando o cidadão tentou apresentar queixa, leva a crer que existe um conluio de classe, procurando encobrir os erros dos colegas. Será que isto deve ser tolerado?

Se há falta de formação, tal não deve servir de desculpa para os agentes continuarem a prestar um mau serviço. E, por outro lado, os agentes que tentam proteger os que têm prestações menos positivas deviam ser chamados à responsabilidade, tanto civil como criminal. Ninguém está acima da Lei e a sociedade de Macau deve ser regida de acordo com os códigos legais que a todos obrigam ao cumprimento de regras. No caso de dúvidas no processo, basta irem procurar as gravações de áudio e vídeo das esquadras envolvidas (devem existir, presumo).

Tenho conhecimento que ambos os casos, o do cartão de crédito e o dos balões de água, deram entrada na polícia e que, em ambos, houve referência à falta de profissionalismo dos agentes envolvidos. Agora, como residente de Macau, espero que o resultado do inquérito seja tornado público, pois a população tem o direito de saber como se processam estes casos, que envolvem falta de qualidade de quem tem por obrigação proteger os direitos e a segurança dos residentes locais.

Não se trata de uma perseguição aos agentes de autoridade. É apenas uma exigência de um serviço de qualidade, assim como nos exigem o cumprimento da Lei e o respeito das regras de bom comportamento numa sociedade de direito.

Se aos cidadãos exigem que sigam regras e que cumpram o que está estipulado na Lei, também o mero cidadão tem de exigir que as autoridades sigam e se guiem pelas mesmas leis e por um código de conduta que seja recto e claro. E, acima de tudo, que seja íntegro e respeitador dos direitos de todos os residentes de Macau.

O facto de virem, há umas semanas, anunciar que o valor das multas emitidas aumentou exponencialmente, em nada abona para a imagem da autoridade. Sinceramente, gostaria de saber que multas aumentaram mais e em que é que estas contribuem para a melhoria da segurança na estrada no território, em geral.

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