Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fortaleza voltou às escuras

«COISA gabada, coisa estragada!» Nunca um provérbio se aplicou tão bem como nesta situação. Não é costume em Macau voltarem atrás depois de tomarem uma decisão, seja ela qual for; mas desta vez parece ter acontecido.
Há algumas semanas retratei aqui aquilo que me parecia ser uma total falta de consideração para com os moradores da zona da Fortaleza do Monte. A falta de iluminação em mais de dois terços do monumento fazia, e faz, com que o local se torne perigoso para quem circule por ali à noite. Quem viva naquela zona não tem outra opção senão sujeitar-se a esse perigo iminente e a todo o tipo de ameaças por parte de desconhecidos. Posteriormente, há duas semanas, referi nestas páginas que o problema tinha sido resolvido e a iluminação em todo o perímetro já estava reposta. Recentemente constatei, porém, que o problema voltou ao estado inicial: a Fortaleza está apenas iluminada do lado das Ruínas de São Paulo e na entrada principal (que se faz pelo Caminho dos Artilheiros), deixando às escuras todo o restante monumento e obrigando os moradores que ali se deslocam ao fim do dia para fazer exercício ou apenas relaxar, a terem de enfrentar todo o tipo de situações.
A princípio, pensei que a iluminação não estivesse ligada devido a qualquer problema técnico, mas tal não se confirmou, dado que após a publicação do artigo foi prontamente activada. Agora, passados poucos dias, é de estranhar a decisão de voltar a desligar a mesma.
É evidente que significa mais uma fonte de despesa, mas não são todos os moradores merecedores de tratamento igual? E, caso a decisão tenha por base um princípio economicista (o que seria algo caricato e bizarro), porque não se opta por ligar apenas metade dos projectores do lado das Ruínas de São Paulo, usando a restante potência para activar outros tantos no restante percurso?
É, por isso, muito surpreendente que tal decisão tenha sido tomada, mais ainda depois de terem reconhecido o erro e terem tentado remediá-lo, na sequência da denúncia feita com o artigo publicado n’O Clarim.
Espera-se que os responsáveis voltem a repor a normalidade. Os moradores, certamente, agradecerão, de modo a poderem voltar a circular no local sem receio de assédio ou intimidação.
Além do problema da iluminação, continua a sentir-se também o da falta de segurança, pelo que se mostra urgente colocar ali pessoas a fazer vigilância 24 horas ou, pelo menos, fazer um plano de passagem assídua dos agentes da autoridade pela zona.

Estatísticas sínicas

É interessante viver numa terra que faz tantos estudos, pesquisas e cria grupos de trabalho para tudo e mais alguma coisa. Quem se apercebe de tal dinâmica fica com a ideia de que se trabalha muito e de dedica muito tempo a tentar perceber os anseios da população.
Em Macau, em qualquer altura do ano, estão sempre a decorrer, no mínimo, uma meia dúzia de estudos; elaboram-se outros tantos inquéritos e criam-se grupos de trabalho para coordenar tudo isto. Muitas vezes até temos de recorrer a serviços prestados por especialistas de fora, porque os de dentro não conseguem dar resposta a tanta solicitação.
Perante esta dinâmica, quais são os resultados? Bem, este é outro problema que deve merecer mais uma pesquisa aprofundada e ver criado um grupo especializado para abordar o tema, começando pela problemática que o criou.
Diariamente vemos nas páginas de jornais artigos que nos falam do resultado desta pesquisa, da reunião deste ou daquele grupo, da percentagem de pessoas que estão agradadas (ou nem por isso) com tudo e mais alguma coisa! Apenas me interrogo quanto à fiabilidade e base científica de tudo isto.
Todos sabemos que estatísticas são o que são e valem por isso mesmo. Existe até aquela piada muito portuguesa, ligada ao futebol, e que diz que «prognósticos, só no fim!».
Ao longo dos anos que levo em Macau, nunca fui abordado para qualquer tipo de questionário, fosse ele qual fosse, nem mesmo dos censos à população que, penso, deveriam ser verdadeiramente universais.
Até já tentei ser entrevistado na rua, perguntando aos «supostos» entrevistadores profissionais (muitas vezes jovens sem qualquer preparação para colecção de dados estatísticos que se querem rigorosos e científicos) qual o teor e a finalidade das perguntas que fazem. Devo confessar que, até ao momento, ainda não consegui fazer com que a minha opinião constasse num desses inúmeros inquéritos que se fazem anualmente à custa do erário do Governo. Mais: de todos os que tive oportunidade de ver, nem um foi feito nas duas línguas oficiais. São todos, invariavelmente, feitos (apenas) em chinês e redigidos no mesmo idioma.
Numa cidade com milhares de residentes que não falam nem lêem chinês, quem manda fazer tais estudos de opinião deveria ter em atenção esse facto e, no mínimo, usar as duas línguas oficiais; além disso, dado que Macau se promove como cidade turística, também em inglês.Como se pode fazer um estudo de opinião em Macau, se não se levam em conta as comunidades que aqui vivem? Que validade tem um resultado de um estudo, por exemplo sobre o fumo e a nova lei anti-tabaco, se nele apenas constam resultados recolhidos em chinês e junto da comunidade chinesa? É essa a representatividade universal que se quer para Macau?

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